Justiceiro a 26 de Abril de 2012 às 01:28

Olá Jussara, boa noite.


Compreendo bem a sua situação. É difícil viver no seio de uma “religião” que está constantemente a observar os passos dos seus fiéis e sempre que seja cometida uma “falha”, lá estão eles, meros humanos como você e eu, a dizer o que se deve ou não fazer. A decisão de saída da Torre de Vigia é apenas e tão somente sua. Apenas lhe poderei dizer que desde que saí dessa organização sou uma pessoa muito mais feliz e ao contrário do que fazem crer, não me tornei um Ser humano miserável, nas garras Satanás…não. Vi que afinal existe vida fora da Torre de Vigia e que as pessoas do “mundo”, que as Testemunhas de Jeová tanto diabolizam, não são na verdade tão más assim… Descobri que os meus amigos “cá fora” são amigos verdadeiros e não pessoas que me amam porque tem que ser, porque a religião quer fazer passar a imagem de uma irmandade unida, na verdade porque são obrigados. No mundo, as pessoas pura e simplesmente são genuínas, se gostam, gostam, se não gostam, não agem de forma hipócrita só para criar aquela aparência de povo apegado.


Como bem sabe, é impossível sair da Torre de Vigia sem sofrer com isso. Mas acho que tem um ponto ao seu favor; se bem percebi, não tem família dentro da seita. Se decidir dissociar-se não terá que passar por ser psicologicamente agredida pelos seus familiares. Poderá conviver com eles normalmente, o que não acontece se eles forem Testemunhas de Jeová. Se tiver amigos dentro da organização, já sabe o que lhe espera… Mas isso talvez seja um mal menor comparado com a família. Existe também outra opção, mas isso cabe a cada um saber se tem ou não “estomago” para concretizar tal escolha. Se não quiser perder os seus amigos jeovistas, pura e simplesmente não faça nada. Continue a ir as reuniões e aos poucos e poucos vá deixando de frequentar as mesmas. Reduza as suas idas ao salão do reino e será apenas uma pessoa que está fraca na fé e uma inactiva, mas pelo menos os seus amigos poderão ainda falar consigo. Sei que esta última escolha é complicada para quem sabe dos podres da organização e que na verdade tem que frequentar as reuniões fazendo de conta que não tem conhecimento de nada e que concorda com tudo. Mas não é isso o que a sociedade Torre de Vigia pretende? Não obriga ela a que as pessoas tenham 2 personalidades e no fundo que age de forma fingida? É isso que a Watchtower cultiva.

Como já mencionei, só você poderá tomar a decisão certa, mas uma coisa lhe posso garantir: Deus não a castigará por ter abandonado as Testemunhas de Jeová…


Cumprimentos.

 

PS. Se precisar de mais algum tipo de esclarecimento deixo aqui o meu mail: otalhoeacidade@sapo.pt


MariaL a 27 de Maio de 2012 às 19:35
Olá Justiceiro,

Já tinha lido parte da sua história num fórum, mas creio que aqui está mais completa, certo?
É emocionante, por dois motivos diferentes.
Primeiro, porque tendo eu passado cerca de 30 anos nessa organização, o compreendo perfeitamente.  Também eu tive o meu primeiro bolo de aniversário depois dos 30  e mesmo assim, não consegui apreciá-lo devidamente por sentir-me culpada. Ou talvez não tenha sido o primeiro... Em criança fechava-me no quarto, com um queque ou pastel de nata e cantava os parabéns a mim. Lembro-me que também chorava.
Segundo, a sua história é uma linda história de amor. E isso sim, é ser verdadeiramente abençoado. Parabéns a si e à sua esposa!
Excelente iniciativa de dar o seu depoimento para que outros como nós possam saber que não são os únicos com esse tipo de sentimentos e que não somos ET´s.