A educação duma criança deve ter como objectivo a preparação total da mesma para uma vida individual na sociedade. No entanto, entre as Testemunhas de Jeová, o que conta é o interesse de Jeová.
Todas as áreas da vida de uma criança são regidas pela obediência absoluta. O emocional, a família, a educação, a vida intelectual, a orientação profissional, o lazer, o namoro, nada é deixado ao critério da criança (e dos pais). A sua educação não teve como objectivo a formação de um espírito crítico, o desenvolvimento da sua personalidade, sua integração na sociedade, mas é guiada por aquilo que é "coisa desejável" sem nunca esquecer "glorificar a casa do Senhor". A criança deve ser um modelo de perfeição. Seguir à risca as instruções e dedicar-se ao proselitismo (a única maneira de alcançar a vida eterna). Nas Testemunhas de Jeová, a criança é uma ferramenta ao serviço da doutrina Jeovista. O que pode comprometer seu desenvolvimento mental, emocional e social. A fidelidade a Jeová prevalece sobre tudo. As crianças Testemunhas de Jeová crescem num clima de insegurança emocional, com a ideia de que o afecto dedicado a elas é apenas um dever ligado à obediência e de acordo com as conformidades do modelo Jeovista. Mais perverso ainda: as crianças são ensinadas que toda a autoridade está subordinada à Jeová. Seus próprios pais não têm plena autonomia e liberdade de escolha na sua educação. O amor dos pais está condicionado a obediência dos filhos. É uma chantagem emocional real. O amor não é uma recompensa que a criança tem que se esforçar por conquistar permanentemente. Fora das Testemunhas Jeová, não existe bons pais. Para a organização pessoas que não sejam crentes em Jeová, simplesmente não podem ser bons pais. Toda a criança tem direitos. Nas Testemunhas de Jeová a criança, só tem deveres: dever de obedecer aos seus pais, mas principalmente a Jeová, a quem ela deve obediência absoluta. Esta lógica, quando levada a cabo, pode ter consequências graves.
Para agradar a Jeová, a criança deve estar pronta a sacrificar a sua vida. Essa atitude pode levar a um verdadeiro culto do martírio. As Testemunhas de Jeová desenvolvem uma cultura baseada essencialmente na expectativa mórbida do Apocalipse. O propósito da vida é, paradoxalmente, a expectativa da morte. A religião é apenas uma componente da vida e da personalidade da criança, a religião torna-se a sua vida, sua personalidade, o único objectivo para o qual todos devem aspirar. Desde a infância, a criança tem que ser perfeita, livre de pecado, para assim fazer parte dos poucos escolhidos que terão acesso à vida eterna.
Em nome de uma chamada perfeição, as Testemunhas de Jeová permitem interferências de todo o género, na privacidade da criança. Cada momento deve ser dedicado a louvar a Jeová. A criança não tem tempo livre para ela, para descansar ou para desenvolver sua imaginação, talento e qualidades.
As Testemunhas de Jeová possuem um sistema judicial interno. Comissões formadas por anciãos, fazendo "justiça” com as regras da organização. Essas comissões têm o poder sobre o destino dos seguidores, impondo penas que podem ir até a exclusão. Em muitos casos, estas comissões são para substituir o sistema judicial civil. Este facto pode ser seriamente prejudicial para as crianças, especialmente em casos de maus tratos ou abuso sexual. Muitos depoimentos atestam o facto de que as vítimas jovens que se atreveram a falar de seu calvário, sofreram pressões. A ameaça de exclusão é usada para silenciar a vítima. Além das vítimas sofrerem pressões, a sua palavra não vale nada. Sua condição de vítima é posta em causa. As instruções são para tratar dos problemas internamente. Quantos casos de agressões, actos de abuso e pedofilia foram encobertos pelos responsáveis das Testemunhas de Jeová?
Desde a mais tenra idade, as crianças são levadas para o salão do Reino (lugar de culto) à noite para acompanhar os estudos bíblicos. Toda a sua atenção deverá centrar-se no estudo. Por exemplo, uma vez que são demasiado novos para entender perfeitamente o que se diz do alto da tribuna, a criança deve apontar com um lápis, o número de vezes que foi proferido o nome Jeová. Várias vezes por semana, o regresso a casa é feito por volta das 22:30 (ou mais tarde), uma hora bem tardia para uma criança. Elas também devem participar na pregação (porta a porta). Sujeitos a todas estas obrigações, quanto tempo livre resta à criança para descansar, fazer os trabalhos de casa, ou até mesmo brincar? O tempo de sono é suficientemente reparador?
A maneira como as Testemunhas de Jeová consideram a educação, é bem ilustrativo de como o desenvolvimento intelectual da criança está longe de ser uma prioridade. As Testemunhas de Jeová parecem incentivar a instrução, mas este é um discurso de fachada. Os estudos superiores são muitas vezes desaconselhados por ocuparem demasiado tempo, tempo esse que serviria para adorar a Jeová (veja aqui). Os jovens são incentivados desde cedo a tornarem-se "pioneiros" (pregadores) e a dedicarem-se a tempo inteiro ao proselitismo.
Os ensinamentos dados nas salas de aula, são sistematicamente denegridos, por estes irem contra as doutrinas do Senhor Jeová. A seita tem receio que os seus adeptos desenvolvam um pensamento crítico, quando contactam com teorias contraditórias. As crianças não participam nas actividades cívicas, como a eleição do presidente de turma. Ao invés disso, são incentivados a fazer proselitismo na escola sob o disfarce de um debate intelectual. Sempre que possível, a criança deve defender as posições de Jeová.
A criança está constantemente em conflito com a sociedade em que vive. Ela é construída pela oposição sistemática aos valores da sociedade, operando numa constante batalha contra a lógica do mundo "governado por Satanás." Quando se entra em contacto com o mundo, o seu objectivo deve ser só para divulgar as ideias de Jeová. As relações fora da seita são instrumentalizadas para trazer e converter novos seguidores. A criança não pode misturar-se com os outros, ou participar em actividades, eventos (aniversários, Natal, etc) ou frequentar outras pessoas fora da seita sem se culpabilizar. Essa culpa permanente impede o acesso à noção de prazer, essencial ao processo de aprendizagem. Estas limitações num único sistema de pensamento tem inevitavelmente implicações para o equilíbrio da criança. Em vez de se abrir para o mundo, ela pode desenvolver comportamentos como fobia mórbida, depressão, apatia, mentindo para o exterior, com medo de falar.
Este é o verdadeiro mundo escondido, das “inofensivas” Testemunhas de Jeová…
Par entender melhor este mundo (e as suas consequências) à parte das Testemunhas de Jeová, traduzi uma reportagem de investigação difundida pela RTBF. Não deixem de visualizar os vídeos, pois os mesmos demonstram na integra o que muito pouca gente sabe sobre estas pessoas...