Decorriam os anos 80 e como todo o adolescente que se preze (é verdade… sou mesmo velho!), procurava as novidades musicais da época. Tinha uma tara monumental por uma compilação musical que se chamava Max Mix. Comprava tudo o que era cassete. Os discos de vinil esses, não os podia adquirir devido ao elevado custo dos mesmos e porque na altura era um teso dos grandes (não muito diferente dos dias de hoje!)! Dinheiro era uma palavra que eu pronunciava pouco, chegando mesmo a deixar de saber escrevê-la! Os anos passaram e eu ouvia repetidamente as mesmas cassetes, que teimavam em encravar no leitor… Um certo dia e graças ao meu charme irresistível, conheci aquela que fora a minha primeira namorada: a Marie. Foi amor a primeira vista. Era uma linda menina de um metro e sessenta e cinco de altura, olhos azuis, cabelo loiro e com um corpo de fazer inveja a qualquer miúda… a namorada ideal (não havia outra!). Fizemos juras de amor eterno. Sempre tive uma concepção do “eterno” um pouco diferente das mulheres. Ainda não percebi muito bem porquê que o sexo feminino quando fala em eterno, quer dizer “para sempre”, “até que a morte nos separe”… Enfim, coisas de gajas. Assinalamos o nosso “noivado” não com uma vulgar troca de aliança mas sim com intercâmbio de presentes. Como eu era pobre, brindei-a com um bom gelado, daqueles com três bolas e tudo, e ela com todo o seu amor, presenteou-me com um casaco de couro juntamente com o meu já tão ansiado Max Mix. Amava a Marie. Era uma rapariga inteligente, que me compreendia e que sabia falar-me ao coração… Finalmente tinha o meu primeiro vinil. Foram horas infindáveis a ouvir o disco. Sempre que o mesmo tocava, lembrava-me do meu amor, da minha alma gémea. O tempo foi passando e a Marie deixou de me comprar mais discos. Faltava-me o Max Mix, 5,6,7 e por aí fora. A Marie revelou-se uma pessoa fria e egoísta. Deixei de a amar por razões óbvias.
Hoje em dia os meus discos estão na arrecadação, a espera que os volte a dar a vida que eles tanto merecem. Quanto a Marie, não sei o que é feito dela, mas adorava reencontra-la, até porque ando a namorar aí um CD porreirinho…