Parece que este blogue anda a causticar algumas pessoas... Na passado semana fui alertado para o facto de o meu texto sobre as Testemunhas de Jeová ter sido mal recebido por parte de alguns membros dessa designação religiosa (pessoas que me conhecem)... Sentiram-se incomodadas por eu "ter dito mal da organização do Senhor Jeová"... "Posso dizer o que eu quero, mas nem tenho o direito de usar a internet (!) para dizer mal"... Tais afirmações pareceram-me quase surreais (e descabidas), ainda por cima proferidas em pleno século 21. Estive a ler e reler o meu texto a procura de algo que os pudesse ter ofendido, mas devo de concluir que nada encontrei... Onde em todo o post faço uso de alguma qualquer linguagem imprópria? Mencionei algum nome ou alguma pessoa atacando de modo pessoal essa mesma? Mas o mais importante ainda, menti no que escrevi? Tudo aquilo que relatei é baseado em factos concretos, facilmente provados por documentos acessíveis a toda a gente, não uma mera invenção minha.
Eu sei que por vezes a verdade dói e que não é fácil reconhecer o engano. Mas o mais burlesco em tudo isto é o facto das Testemunhas de Jeová não aceitarem que se exponha as suas crenças. Porquê? Não é por mero acaso... Todas as Testemunhas de Jeová (TJ) confundem "descrever" com "dizer mal". Ora entre uma coisa e outra vai uma grande diferença. Por vezes fico atónito quando me dizem que disse mal da organização das Testemunhas de Jeová! Não seria melhor estar-mos calados quando nós próprios temos telhados de vidro? Nunca aqui (nem noutro sitio) insultei as TJ. Discordo delas, o que é bem diferente. O contrário já não acontece. Fica aqui alguns ataques por parte das TJ a Igreja Católica e Protestante.
"As igrejas Católica, Ortodoxa e, mais tarde, as Protestantes... tornaram-se parte de Babilónia a Grande, o império mundial da religião falsa do diabo." A Sentinela de1/12/1991, pág. 13
De modo que católicos mataram outros católicos com aprovação de seus líderes religiosos, e os protestantes fizeram o mesmo". - Poderá Viver para Sempre no Paraíso na Terra (1982), pág. 2
Em vez de ajudar as pessoas na sua busca do Deus Verdadeiro, as numerosas seitas e denominações que surgiram em resultado do livre espírito da Reforma Protestante apenas as dirigiram a muitas diferentes direcções. De fato, a diversidade e a confusão levaram muitos a questionar a própria existência de Deus." - O Homem em Busca de Deus (1990), pág. 328
Não avistei no meu relato palavras tão "doces" como as descritas acima! Enunciei sim o que uma grande maioria das TJ desconhece sobre a sua própria religião. Descrevi a maneira cruel (e anti-bíblica) com que tratam os seus ex companheiros de fé, quando por algum motivo são desassociados (expulsos), ou dissociados (solicitação voluntaria para sair). A edição de A Sentinela de 1/10/1993, pág. 19, referindo-se aos dissidentes (normalmente chamados “apóstatas”) diz:
"Alguns apóstatas professam conhecer e servir a Deus, mas rejeitam ensinos ou requisitos delineados na Sua Palavra. Outros afirmam crer na Bíblia, mas rejeitam a organização de Jeová e tentam activamente obstaculizar a sua obra. Quando eles deliberadamente escolhem tal maldade depois de conhecerem o que é correcto, quando o mal se torna tão entranhado que se torna parte inseparável de sua constituição, o cristão precisa odiar (no sentido bíblico da palavra) os que se agarraram inseparavelmente à maldade".
Tal "ódio santo" foi definido cerca de 40 anos antes na Sentinela de 1/10/1952, pág. 599 (em inglês): "Temos de odiar no sentido mais verdadeiro, que é encarar com extrema e activa aversão, considerar como uma abominação, odioso, nojento, detestar".
O que acontece a alguem que tenha contacto com um desassociado? A Sentinela de 1/10/1955, p. 607 (em inglês) é bem explícita: "Se um publicador se recusa a fazer isto e ignora a proibição de se associar com o desassociado, esse publicador está a rebelar-se contra a congregação de Jeová, e "rebelião é o pecado de bruxaria, e teimosia é como idolatria e terafins." Ele deve ser fortemente admoestado, ficando impressionado com os fatos de que, por se associar com o desassociado ele é participe da iniquidade e que pelo seu modo de proceder ele está a separar-se da congregação para estar com o malfeitor. Se, depois de suficientes avisos, o publicador persistir em se associar com a pessoa desassociada, em vez de se alinhar com a organização de Jeová, ele também deve ser desassociado".
No livro “Mantenha-se no amor de Deus” na pág. 209, o assunto é a submissão das Testemunhas de Jeová às autoridades religiosas onde diz o seguinte:
“Membros leais de uma família cristã não procuram desculpas para ter tratos com parentes desassociados que não more na mesma casa. Em vez disso, lealdade a Jeová e a sua organização os faz seguir os princípios bíblicos relacionados com desassociação. Seu proceder leal visa o bem do desassociado e pode ajudá-lo a se beneficiar da disciplina recebida”.
Quão estranha concepção do amor, e que palavras deveras tão sábias...
Existe dezenas de outros textos que relatam bem qual a posição a tomar e o tratamento a providenciar aos que deixam de fazer parte da organização, mas apenas estes chegam perfeitamente para perceber como lidam com os seus dissidentes e qual a mentalidade incutida aos seus membros. Não consigo ver amor numa religião que insiste em manter uma família totalmente fragmentada, proibindo os pais de ter qualquer tipo de contacto com os filhos, banindo todo o relacionamento, proibindo uma salutar relação, sobe pena de serem também eles expulsos... Assusta-me quando vejo um grupo de pessoas a "orientar amorosamente" a vida de milhões de indivíduos, baseados numa tradução da bíblia (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas) completamente enganosa traduzida de forme a conferir a própria interpretação com centenas de versículos modificados para se ajustarem às doutrinas da Torre de Vigia.
Uma coisa abomino e repudio: o falso moralismo. Para saberem o que escrevi no meu blogue é porque estiveram a lê-lo (e parece que atentamente), mas como todas as Testemunhas de Jeová bem sabem, estão a desobedecer a uma ordem expressa do Corpo Governante ao ter acesso a conteúdos ditos "apóstatas", podendo dar origem a expulsão... Não seria mais fácil dizer-me na cara o que pensam ao invés de me criticarem pelas costas e de atacarem a minha pessoa em vez de atacar o argumento em si (ataque ad-hominem)? Uma conduta própria das TJ...
Para alguém que esteja mais "desatento" e que talvez pense que estou a tentar defender qualquer movimento religioso ou alguma doutrina, quero que saibam que não preciso de nenhuma religião, que não ando a reboque de pastores, “anciões” ou de alguém dito "orientado" por Deus que dite a minha vida ao mais ínfimo pormenor. Não preciso de bíblia (ou qualquer outro compendio) para me guiar, nem de nenhuma entidade superior para me dizer como fazer para me tornar um ser humano aprazível, que me ensine a desvendar onde está o “bem e o mal”... Não necessito de nenhum Deus para me indicar o caminho, que me mostre o certo e errado. Sei muito bem como agir com o meu próximo sem a autoridade de uma organização ao serviço de um Criador... Todos os dias procuro ser alguém melhor, e pelo que parece não me tenho saído muito mal. Para isso não me apoiei em nenhuma crença, religião, ou qualquer Deus, mas sim no obvio... Respeito toda e qualquer crença religiosa, mas repúdio quem tenta manipular outros, obrigando-os a seguir inconscientemente e incondicionalmente as suas regras, afirmando que tais procedem das altas esferas celestiais.
"Um indício de que nos tornamos vítimas do auto-engano é se ficamos irados quando as nossas crenças são questionadas. Em vez de ficarmos irados, é sábio manter a mente aberta e escutar com atenção o que outros dizem mesmo quando temos a certeza de que a nossa opinião está certa".
A Sentinela de 15 de Julho de 2003, pag. 22