Como já tive ocasião de mencionar neste blogue, fui entrevistado em Agosto pela Agencia de notícias Lusa. Irei aqui deixar os textos escritos pelos Jornalistas Jaime Gabriel e Luís Fonseca. Apenas quem for subscritor dessa mesma agência poderá ler a reportagem (no site da Lusa). A notícia saiu em alguns órgãos de comunicação social um pouco por todo o país.
Esta faz parte de uma das acções levadas pela “apostasia” em Portugal, para mostrar quem realmente são as Testemunhas de Jeová e a maneira como descriminam os seus ex membros.
Religião: Ignorado pela família por deixar de ser Jeová, Vítor criou blogue sobre o movimento (c/vídeo)
Número de Documento: 12836033
Porto, Portugal 06/08/2011 08:42 (LUSA)
Temas: Religião, Cultos e seitas
*** Serviço vídeo disponível em www.lusa.pt ***
*** Jaime Gabriel de Jesus, da agência Lusa ***
Porto, 06 ago (Lusa)
Os pais e o irmão de Vítor Máximo, 40 anos, ainda hoje o ignoram, não lhe perdoando o facto de há sete anos se ter tornado um "apóstata", ao abandonar a confissão religiosa das Testemunhas de Jeová. "Cada vez os meus pais se afastaram mais. Cheguei a escrever-lhes cartas e eles nunca me responderam", conta Vítor, explicando que os seus próprios filhos, um de seis e outro de nove anos, são ignorados pelos avós. "O único contacto que tenho com os meus pais é porque eu os obrigo a ter, aparecendo em casa deles. Mas o meu pai frisou bem que não me quer lá, que não sou bem bem-vindo", garante. O próprio irmão, que diz mudar de passeio se se cruzarem na rua, fez questão de lhe dizer que estava tudo acabado entre eles, relatou o dissidente Jeová.
Vítor tornou-se um "apóstata" aos 33 anos, depois de terminar o primeiro dos seus dois casamentos, já que no seio da confissão religiosa o divórcio "não é bem encarado e dá direito a desassociação".
Se se arrependesse, podia ter ficado. "Mas eu achava que o meu comportamento não se adequava ao comportamento típico das testemunhas de Jeová e decidi sair. Foi a partir daí que começaram os problemas com a minha família", recorda Vítor, que reside em Matosinhos.
Hoje, Vítor alimenta o blogue O Talho e a Cidade, onde procura transmitir ao grande público "o que se passa por detrás" de um grupo religioso que recusa a transfusão de sangue e que ocupa os domingos a bater à porta dos cidadãos em busca de novos aderentes às suas crenças.
Num dos posts, cita "documentos supostamente confidenciais que caíram na internet por intermédio de fiéis dissidentes", onde as ex-testemunhas de Jeová são descritas como pessoas que, "por meio de raciocínios falsos (...) procuram causar a ruína espiritual dos servos de Jeová". Recusa, contudo, admitir que o seu blog seja retaliatório ou um instrumento de contra propaganda.
"A minha intenção não é mudar seja quem for, muito menos os meus pais. O que eu quero é ser livre e ter a minha família de volta. Mais nada", afirma.
O movimento religioso Jeová começou em Allegheny, no estado norte-americano da Pensilvânia, por volta de 1870 por iniciativa do comerciante Charles Taze Russell. Os seus seguidores começaram por se designar Estudantes da Bíblia, tendo adquirido o nome "Testemunhas de Jeová" a partir de 1931. Cerca de 7,5 milhões em todo o mundo, os seguidores do culto são evangelizadores persistentes, recusam transfusões de sangue, a Bíblia é o manual da sua vida pessoal, familiar e profissional e não toleram o abandono da confissão religiosa. A sua principal publicação é a revista quinzenal "A Sentinela", que distribui 42 milhões de exemplares em 188 idiomas.
Numa edição de 1981,a revista assinalava que "os que se tornam 'não dos nossos' por deliberadamente rejeitarem a fé e as crenças das Testemunhas de Jeová devem ser encarados e tratados apropriadamente como aqueles que foram desassociados por causa duma transgressão".
Lusa/fim
Outra nóticia
Religião: Testemunhas de Jeová negam "privação de liberdade" no corte de relações com ex-membros (c/áudio)
Número de Documento: 12889009
Lisboa, Portugal 06/08/2011 08:42 (LUSA)
Temas: Religião
*** Serviço áudio disponível em www.lusa.pt ***
Lisboa, 06 ago (Lusa)
A orientação das Testemunhas de Jeová para o corte de relações com quem sai da religião é "um conselho sábio" e não uma "privação de liberdade", destaca o porta-voz da organização, Pedro Candeias, face a queixas de ex-membros à agência Lusa.
Vítor Máximo, 40 anos, residente em Matosinhos, e Jorge Ventura, 39 anos, residente em Castelo Branco, são dois ex-membros que acusam a religião de ter levado os pais, outros familiares e amigos a virarem-lhes costas, pondo em causa liberdades fundamentais.
Mas, segundo Pedro Candeias, as Testemunhas de Jeová encontram a justificação "na bíblia sagrada", segundo a qual "quem anda com pessoas sábias torna-se sábio, mas irá mal aquele que tem tratos com os estúpidos", refere. "Não se pretende catalogar ninguém, mas é um alerta sobre associações", acrescenta, sublinhando que "nunca a crença envolve odiar pessoas". Pedro Candeias compara a orientação a tradicionais conselhos de um pai para um filho sobre boas e más companhias na escola, atribuindo a uma entidade divina (deus, denominado Jeová) o "conselho sábio e amoroso, não privador de liberdade".
Face às queixas de restrição de liberdades por parte de ex-membros, aquele responsável contrapõe dizendo que "também é um direito das Testemunhas de Jeová não querer privar com quem não segue os ensinamentos da Bíblia". A decisão sobre o corte de relações "compete a cada um" e cada novo membro é "totalmente esclarecido" sobre a religião antes de assumir a crença, diz.
Pedro Candeias compara a situação às leis nacionais: "cada país tem os seus códigos legislativos" que devem ser respeitados, exemplifica. E em cada país "existe a figura da extradição para quem não respeita as normas". Para Pedro Candeias, os ex-membros "são livres de se queixar e dizer o que têm na mente e coração, mas cada um faz as escolhas que quer". "Apreciamos muito que respeitem as crenças das Testemunhas de Jeová como estas respeitam as dos outros", conclui.
LFO.
Lusa/fim