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publicado por Justiceiro, em 31.08.11 às 17:14link do post | favorito

Informa-se os estimados clientes e frequentadores deste espaço, que o mesmo irá encerrar para férias! O Talho estará fechado para descanso do pessoal (ou seja eu!) por alguns dias, mas reabrirá brevemente com algumas novidades. Estão na forja mais algumas revelações para deleite de todo o “povo de Jeová”…

 

Aguardem!

sinto-me:

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publicado por Justiceiro, em 17.08.11 às 19:23link do post | favorito

 

Depois de alguns acontecimentos (recentemente fui entrevistado pela agência noticiosa Lusa para prestar o meu depoimento sobre a descriminação exercida pelas Testemunhas de Jeová aos seus ex fiéis- entre outros- mas sobre isso, falarei mais tarde, noutro post), achei que não faria mais sentido manter-me no anonimato e que todos os que lêem este blogue, deveriam saber na verdade, quem se esconde por trás do mesmo. Foi quase há 2 anos que aceitei o repto de alguns amigos e familiares de criar este blogue. No início não sabia quanto tempo o mesmo ficaria no ar, por achar que nunca teria matéria para escrever… Os dias, os meses foram passando e verifico agora que não escrevo mais, por falta de vontade da minha parte.

 

No início desta aventura mal sabia qual nome a dar a este blogue, não acreditando muito na sua continuidade. Mas veio-se a revelar totalmente o oposto. Ao fim de pouco mais de um ano de existência, vi este mesmo espaço ser destacado pela equipe do Sapo (aqui), dando-me assim algum animo para continuar. Este lugar serve para mim como uma espécie de diário pessoal, onde falo de tudo um pouco, mas geralmente em assuntos do meu interesse e que de uma ou outra maneira me marcam ou marcaram... Quem é mais observador, verificou que nos primeiros tempos de vida do blogue, eu falava de um amigo (o meu melhor amigo), e de algumas das suas “façanhas” com membros da sua família… Recordarão as ocasiões que comento o tratamento que lhe é dado pelos seus pais, irmão e todos os seus amigos de infância… Relembrarão que o principal tema de conversa do meu blogue é religião. Decidi que hoje contaria toda a verdade sobre essa pessoa. Não sei muito bem porque ainda não o fiz. Talvez por vergonha ou medo de o prejudicar ainda mais…

 

Na realidade quando me refiro a esse amigo, estou a falar da minha pessoa. Desde a minha nascença e até aos trinta e três anos de idade, fiz parte de uma dominação religiosa chamada “Testemunhas de Jeová”. Cresci no meio de uma doutrina bastante severa, onde tudo é feito para não haver lugar a dúvidas, e onde as perguntas não são bem aceites. Desde a minha mais tenra infância fui obrigado a aceitar tudo o que ouvia como sendo a única verdade suprema, vinda directamente de Deus através do seu representante aqui na terra. Esse representante dá pelo nome de Corpo Governante (conjunto de pessoas sediadas em Brooklyn, Nova York, com autoridade mundial sobre todas as Testemunhas de Jeová). Não era para mim particularmente difícil acreditar em todas as doutrinas Jeovistas, visto estar submetido a elas desde sempre e não conhecer mais nada a não ser as publicações editadas pela Watchtower, ou Torre de Vigia (designação legal das Testemunhas de Jeová), tais como as conhecidas revistas “A Sentinela” e “Despertai” entre outros. Qualquer outra leitura com conotação religiosa ou filosófica é simplesmente proibida, podendo dar origem a desassociação (expulsão).

 

Os anos foram passando e cada vez estava mais familiarizado e enraizado com aquilo a que as Testemunhas de Jeová chamam de “A Verdade” (conjunto de crenças dadas por Deus ao seu povo para os orientar). Tive uma vida bastante activa no seio deste grupo religioso. Todas as Testemunhas de Jeová são orientadas, compelidas a preencherem mensalmente um certo número de horas na chamada “pregação” de porta a porta, e eu não era excepção. Se tal requisito não é atingido durante um período determinado (poucos meses), os prevaricadores são rotulados como estando fracos na fé, como sendo presas fáceis de Satanás e nos casos onde a pessoa não atinge a carga horária imposta durante muitos meses consecutivos, então essa mesma já era tratada como estando debaixo do domínio do Diabo… Não querendo pertencer a nenhum destes grupos, todos os domingos, fizesse sol ou chuva, lá ia eu pregar a palavra do Todo-Poderoso. Como todas as Testemunhas de Jeová eu tinha o meu tempo preenchido.

 

 À Segunda-feira estudava com os meus pais um pequeno livro editado pela Sociedade Torre de Vigia. Na Terça-feira voltávamos a estudar o livro mas desta vez com um pequeno grupo de outras Testemunhas. A duração dessa reunião era de uma hora. Na Quarta-feira, os meus pais e eu, recapitulávamos em casa, o que iríamos ouvir na reunião de quinta. Quinta-feira reunião de duas horas… Sexta era o único dia em que não tínhamos de estudar pois não havia reunião (culto) no Sábado. Chegava o Sábado e por vezes eu tinha de ir pregar, pois ainda não tinha atingido as horas necessárias estipuladas pela Sociedade. Mas Sábado também era o dia de estudarmos em família a revista A Sentinela. Domingo é o dia mais importante para todas as Testemunhas de Jeová. De manhã saída obrigatória para pregar “as boas novas do reino” (porta a porta), de tarde reunião de duas horas juntamente com todos os irmãos de fé. Escusado será dizer que toda a Testemunha de Jeová cuidadosa, tem o seu tempo completamente absorvido. Toda esta maneira de proceder tem uma razão de ser. Estando ocupados com as supostas “coisas sagradas”, não teríamos tempo para pensar ou de nos distrairmos com as coisas “inúteis do mundo”. A repetição contínua, e prolongada das mesmas palavras e dos mesmos termos, são conhecidas como técnicas de controlo mental. A minha mente foi formatada desde a mais tenra idade para acreditar cegamente em tudo o que ouvia. Durante anos, semanas e de uma forma diária, os meus ouvidos perceberam sempre a mesma realidade, de uma maneira consecutiva sem ter a hipótese de poder conhecer outros factos.

 

Os anos foram passando e a minha fé foi aumentando até chegar ao ponto de me baptizar. O gesto do baptismo entre as Testemunhas de Jeová é encarado como uma oferta a Deus, a dedicação total a uma Divindade Superior. A partir daquela data a minha vida pertencia a Jeová. Só bem mais tarde é que percebi o quão errado eu estava… A minha existência não foi dedicada a Deus mas sim a uma organização sectária e tirânica. Toda a minha vida foi regulada ao mais ínfimo pormenor pelas doutrinas Jeovistas. Tudo o que eu fazia não podia ser contrário às leis de Deus (leia-se da organização), sob pena de estar a pecar contra Ele, e isso era o que mais temia…Hoje com algum recuo, verifico como essa seita controla e consegue de uma forma simples manobrar as vidas dos seus súbditos. Nada é deixado ao acaso. Além das “mil e uma” regras de conduta, chegam ao cúmulo de controlar a maneira de vestir, ou até mesmo um simples corte de cabelo.

 

Como pode um povo com imensas proibições (ver aqui) dizer e fazer crer que são felizes? Como pude eu estar durante mais de 30 anos sujeito a tais regras sem nunca questionar nenhuma e achar que tudo era normal e para o meu próprio bem?

 

Talvez para fugir da educação rigorosa dos meus pais e como é hábito na grande maioria dos jovens Testemunhas de Jeová, casei muito cedo. Foi com apenas 21 anos que dei o nó com outra (ainda mais) jovem, também ela Testemunha de Jeová (como não poderia deixar de ser!). Não estava minimamente preparado para dar esse salto na minha vida. Ao fim de 12 anos e depois de uma fase muito complicada, decidimos por término ao nosso enlace. Como o divórcio não é permitido entre as Testemunhas de Jeová, fui desassociado. De nada serviu os mais de 30 anos de bons e leais serviços em favor da Watchtower. Passei de um dia para o outro e como se diz na gíria, de (literalmente) “bestial a besta”. Todos o que eu conhecia até a data, passavam por mim agindo como se eu fosse um mero estranho. Aqueles que foram até ali meus únicos amigos (as Testemunhas de Jeová são ensinadas a não fazerem amizades fora do seu circulo, tratando todos os que não são da sua crença como “pessoas do mundo”), simplesmente não me reconheciam e para eles, eu sou um adorador do diabo. Existia ainda aqueles que me olhavam com ar de superioridade e nojo. Todo este comportamento me incomodava e me magoava, mas mesmo assim, eu julgava que era o que havia a fazer, pois tal era a vontade de Jeová. Os meus pais embora nunca tivessem deixado de me falar (conforme ditam as regras Jeovistas) não estavam à vontade com a minha presença. O tratamento não era o mesmo. Nunca mais tive o prazer de ter uma refeição com eles. Desde que fui expulso, não sei o que é um almoço ao domingo (ou qualquer outro dia), a volta da mesa, discutindo de tudo e de nada (a vida faz-se destas pequenas coisas). Tenho saudades destes pequenos momentos…

 

Fui proscrito da seita porque não mostrei arrependimento e não quis voltar. Devido às suas leis internas, todos os membros da organização são obrigados a deixar de conviver comigo, afastando-se de mim, virando-me as costas, agindo como que se eu fosse possuidor de alguma espécie de doença contagiosa e qualquer tipo de contacto pode ser fatal. Um simples “olá” é tido como uma possível reconciliação e tal comportamento é passível de expulsão. Graças a essas leis não Bíblicas, saídas da cabeça de alguns iluminados, os meus próprios pais deixaram de ter um relacionamento e convivência normal e sadia comigo, tentando evitar-me ao máximo só falando comigo em casos pontuais. O culminar de todas essas “amorosas” leis internas, foi quando decidi casar e onde não pude ter o prazer da presença dos meus pais, nesse que foi para mim, um dia importante… 

 

Sentia-me culpado por ter deixado a verdadeira organização de Deus e por ter toda a gente contra mim. Estava sozinho, sem ninguém, sem família e sem amigos… Pensei seriamente em voltar para poder ter novamente um contacto normal com os meus pais, e os meus amigos…


Mais tarde conheci aquela que viria a ser a minha esposa. Foi com ela e graças a ela que consegui pensar de maneira diferente e ter outra visão do “mundo exterior”. Ela teve uma educação católica, com uns pais que sempre a apoiaram e que lhe proporcionaram tudo o que não tive. Ensinou-me o gosto pela leitura e pelo conhecimento. Como a área dela era a cultura, falava-me de temas que nunca tinha ouvido até a data. Gostava de lhe fazer perguntas e quase sempre obtinha as respostas. Ficava fascinado com as suas narrações sobre determinada matéria. Afinal, existia mundo fora da Organização de Jeová…


Por incrível que possa parecer, nunca na minha vida tinha lido um livro. Até a data a única literatura que lia era apenas os manuais editados pela Watchtower. Foi estranho contactar com um mundo que eu desconhecia. Comecei a descobrir um mundo novo, um mundo que me foi negado e escondido. Sempre me ensinaram que tudo era escrito para nos desviar da “verdadeira organização de Deus”, uma armadilha de Satanás o Diabo. Nunca a minha esposa me falou de religião, ou sequer criticou alguma vez as doutrinas Jeovistas (a não ser sobre as famosas transfusões de sangue). Sempre estive à vontade para acreditar (ou não) no que quisesse. Não existia portanto qualquer tipo de pressão por parte dela. Cada vez que o assunto era religião, quem tentava impor qualquer tipo de crença era eu. Embora tivesse sido desassociado, ainda acreditava cegamente que as Testemunhas de Jeová eram a única religião verdadeira. Mais de 30 anos de doutrinas Jeovistas não podiam ser apagadas de um dia para o outro… Recordo-me das inúmeras vezes que acordava sobressaltado, chorando sufocadamente por ter tido um pesadelo sobre o Armagedão (guerra de Deus onde 99,9% da humanidade será destruída e apenas as Testemunhas de Jeová serão salvas) e que Deus me iria aniquilar por ter abandonado a Sua organização. Ainda me encontrava sobre o domínio psicológico da seita.

 

Chegara o dia em que tinha de tomar uma decisão: voltar ou não. Fiz parte à minha mulher e aos meus amigos das minhas intenções de voltar para as Testemunhas de Jeová. Todos foram unânimes: “Se te irá fazer bem, talvez seja o melhor”. Como era possível aquelas pessoas que são diabolizadas pelas Testemunhas de Jeová, e tratadas como “os do mundo”, gente em quem não se pode confiar, pessoas que são usadas pelo próprio Satanás, recomendarem o meu regresso a uma religião que nem sequer elas acreditam? Não fazia sentido. Mesmo assim, tomei uma decisão: regressar.

 

Certo dia ao navegar na Net, decidi digitar o nome “Jeová”. Qual não foi a minha admiração quando verifiquei que existem um sem número de Sites dedicados ao tema. Muitos deles falavam de assuntos impensáveis aos meus olhos. Uns supostos erros da Torre de Vigia com encobrimento da mesma. Como ainda estava sobre influência das doutrinas Jeovistas, não acreditei em nada do que lia. Sabia que tudo o que estava ali, era apenas para denegrir a imagem das Testemunhas de Jeová, portanto uma mentira. Graças aos conselhos da minha esposa que costumava dizer que não se devia acreditar em tudo cegamente, partindo do princípio que tudo é mentira, sem primeiro verificar a veracidade de tais argumentos, decidi no dia seguinte voltar a Net.

 

O primeiro assunto que pesquisei foi sobre a ONU (Organização das Nações Unidas) e as Testemunhas de Jeová. Depois de um dia inteiro agarrado ao computador, verificando as informações, não podia acreditar no que lia. As Testemunhas de Jeová estiveram cerca de 10 anos ligadas a ONU. Nada haveria a dizer desse respeitável organismo internacional, criado para unir nações e apaziguar conflitos. Para a maioria das instituições religiosas, representa motivo de júbilo e orgulho. Mas não para as Testemunhas de Jeová. Elas são diferentes. Para os adeptos dessa denominação, um vínculo entre a sua sede e a ONU seria impensável, mais que isso, um insulto. Porquê? É simples: por décadas, os líderes da Torre de Vigia têm feito repetidos ataques morais à ONU nas suas publicações. Na verdade, tais ataques tiveram início em 1919, quando a ONU ainda não existia, mas a sua antecessora, a Liga das Nações, criada após a I Guerra Mundial. Essa atitude manteve-se após a II Guerra, com a criação das Nações Unidas. Durante todo esse tempo, a doutrina oficial das Testemunhas de Jeová, conforme ensinada pela sua liderança nos EUA, tem sido: a ONU representa a “fera cor de escarlate” retratada no livro bíblico de Apocalipse (ou Revelação, cap. 17, versículo 3), sobre cujo lombo se assenta uma meretriz. As Testemunhas crêem que tal “fera” simboliza o poder político reunido na ONU e a meretriz simboliza o poder religioso (em especial, a “cristandade”), aliado do primeiro. Para elas, a força de ambos origina-se do diabo, seu concebido e sustentador. Adjectivos como "repugnante", "detestável", "abominável"  e "blasfemo" foram repetidamente dirigidos à ONU desde a sua fundação, na literatura das Testemunhas de Jeová. Até mesmo a destruição desse organismo internacional por parte de Deus tem sido prevista e desejada por elas  durante décadas (segundo as suas crenças, as Nações Unidas haveriam de patrocinar, algum dia, uma agressão aos sistemas religiosos, culminando numa perseguição às próprias Testemunhas de Jeová). Diante desse quadro, era  normal que os adeptos da Sociedade Torre de Vigia reagissem a tal notícia com indignação e cepticismo. Se verdadeira, ela teria sérias implicações. A principal delas - a organização central das Testemunhas de Jeová teria traído cerca de 6 milhões de adeptos espalhados pelo mundo, por toda uma década.

 

Na minha pesquisa pelo mundo virtual da internet, sucederam-se em catadupa revelações até então inimagináveis. Quem das Testemunha de Jeová, teve conhecimento das falsas previsões desde o tempo de Charles Taze Russel (fundador da seita) para o Armagedão?


- Do envolvimento em ocultismo por parte dos líderes da Torre de Vigia, que acabaram envolvendo os demais adeptos por décadas a fio (o caso do espírita, Johannes Greber, entre outros)?

 

- Das crenças dos líderes da Sociedade em pseudo-ciências, bem como os seus ataques à medicina tradicional (vacinas, transplantes, uso de derivados de sangue, etc. expondo a vida das Testemunhas de Jeová desnecessariamente ao risco?

 

- Do perjúrio cometido na Bulgária, ao assinar um acordo com as autoridades daquele país em 1995?

 

- Do caso de mudança de cobrança pela literatura, cujo objectivo foi tão somente fugir aos impostos, depois de Jimmy Swaggart, um pastor de outra seita, apoiado pela Torre de Vigia judicialmente, ter perdido a sua causa em justiça?

 

- Da quebra de “neutralidade Cristã”, nos episódios envolvendo a “Declaração de Factos” e a vergonhosa carta a Hitler, bem como a aprovação de Rutherford (segundo presidente da sociedade Torre de Vigia), a compra de bónus de guerra, e o dia de oração em favor dos aliados da segunda guerra?

 

- Do caso de sonegação de impostos em França?

 

- Dos frequentes casos de pedofilia, ocultados pela Torre de Vigia? Etc., etc…

 

Durante trinta e cinco anos esconderam-me factos que só agora vim a descobrir. Senti-me traído, enganado e usado… Primeiro tentei verificar a veracidade de tais descobertas e só depois, tentei falar disso aos meus pais. Não queria que eles vivessem mais na ignorância. Tal escolha foi fatal para a minha pessoa. Fui intitulado de adorador do Diabo, mentiroso e de apóstata (termo usado a quem sai da organização por não apoiar as suas doutrinas).

 

Passaram-se meses de autêntico martírio. Só pensava numa coisa: como pude ser atraiçoado por uma organização que eu julgava ser a única representante de Deus? Sei que para alguns, será difícil abranger a dimensão de tal situação, mas foi toda uma vida que eu vi desperdiçada em nome de uma religião. Mais de 30 anos da minha existência foram perdidos a defender algo completamente dissimulado. Diariamente dava por mim a relembrar pormenores do passado dentro da seita, recordando as inúmeras vezes em que servi fielmente aquela organização. Não conseguia reter as lágrimas perante as descobertas diárias que ia fazendo nas minhas pesquisas. Todo o meu mundo a minha volta tinha-se desmoronado. Em quem acreditar agora? Sentia-me desprotegido e indefeso. Quem afinal tem a verdade? E Deus é mesmo Jeová? Fiquei com imensas dúvidas, e com um sem fim de perguntas. E agora, o que tenho de fazer e para onde tenho de ir?

 

Tive de reaprender a viver. Sempre que recordo esse período, comparo-me a um robot. Fui programado a pensar e a agir de uma determinada maneira. Mais de 30 anos de doutrinas castradoras fizeram de mim uma pessoa que não estava acostumada a pensar nem a fazer perguntas (afinal para quê, se todas as respostas estavam na literatura Jeovista). As minhas crenças ditavam toda a minha vida e eu era obrigado a obedecer as mesmas cegamente. Tive que ser reprogramado e aprender a viver em sociedade. Sabia que por exemplo se eu participasse numa festa de anos, Deus não me iria castigar por isso. Foi estranho festejar os meus próprios anos pela primeira vez aos 35 anos. Nunca ninguém me tinha cantado os parabéns. Foi um misto de alegria e tristeza… Lembro-me do meu primeiro acto para simbolizar a minha liberdade: comer uma rodela de morcela! Parece quase anedótico esta experiencia, mas para uma Testemunha de Jeová ingerir sangue é um pecado capital. Recordo-me que foi no São João, estava em cima da mesa algumas corricas de morcelas, olhei para as mesmas, peguei num palito e disse para a minha esposa: “já não tenho medo de comer isto”…

 

Todas estas descobertas fez com que gradualmente eu fosse mudando. Dei por mim a contemplar a vida de outra maneira e gostar da mesma de uma forma diferente, mais apaixonada. Aprendi que afinal é possível ter amigos fora da organização das Testemunhas de Jeová. Comecei a ler cada vez mais. Aprofundei o meu conhecimento sobre determinada matéria. Interessei-me por religião e hoje, graças as Testemunhas de Jeová e as suas doutrinas maldosas que visam apenas o medo e a repressão, deixou de fazer para mim sentido, a existência de qualquer tipo de Divindade. Acreditar na existência de um criador e defender algo superior ao homem, não tem mais cabimento. Sou um total defensor da evolução natural das espécies. Orgulhosamente apresento-me como Ateu.

 

Estimo toda e qualquer opinião, assim como também respeito toda e qualquer crença. Tenho sim repúdio por indivíduos que tentam impor algo a outros a qualquer custo, obrigando-os a aceitar as suas crenças como fazendo parte de uma suposta verdade suprema. Odeio fanatismos e enoja-me quem em nome da bíblia ou qualquer outro livro dito “inspirado” ousa amaldiçoar outros apenas e tão somente porque esses decidiram não acreditar no mesmo do que eles… Actualmente no meio de tantas certezas, existe uma que tenho como incontornável: fui Testemunha de Jeová por muitos e longos anos, mas sei que nunca mais lá voltarei nunca mais.

 

Hoje finalmente posso afirmar que sou livre e não estou preso a uma religião e seus líderes. O pavor de um qualquer cataclismo originado por um Deus não me mete mais medo. Não preciso seguir algum tipo de crença ou acreditar em algum Deus ou Deuses para ser detentor da moral e dos bons princípios.  Tudo que há de bom nas escrituras, como a regra de ouro, por exemplo, pode ser apreciado por seu valor ético, sem a crença de que isso nos tenha sido transmitido pelo criador do universo. 

 

Toda esta espécie de metamorfose não seria possível sem a cooperação de uma pessoa especial: a minha esposa. Foi ela que nos momentos mais difíceis sempre esteve do meu lado, apoiando-me sem mesmo talvez perceber muito bem até que ponto podia um homem estar tão dependente de uma religião. Foi a minha mulher que durante meses a fio aguentou os meus devaneios sobre as Testemunhas de Jeová. Foi a mesma que me viu triste, desesperado, desorientado e sem saber realmente o que deveria fazer, aconselhando-me sempre de maneira positiva. Foi ela que me “ergueu” e que tratou de me dar animo para recomeçar de novo. Graças a ela consegui enfrentar um dos piores momentos da minha vida. Mesmo depois de todas estas desventuras e sabendo o que realmente se esconde por trás da seita Testemunhas de Jeová, ela foi incapaz de os odiar ou até mesmo julgar. As atitudes da minha companheira ensinaram-me uma coisa: eu tinha de ser melhor que esses que se dizem “o povo escolhido de Deus”… Todos os que me rodeiam são unânimes: tudo isto tornou-me melhor enquanto Ser humano. Como costumava dizer o meu avô: há males que vêm por bem. Nada mais verdade…

 

Por tudo isto e por muito mais, obrigado. Amo-te.

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publicado por Justiceiro, em 07.08.11 às 00:39link do post | favorito

 

O Ministério Público do Ceará (Brasil) formalizou no dia 14 de Junho do corrente ano uma acção civil pública contra as “Testemunhas de Jeová” por prática de discriminação religiosa em relação aos seus ex-fiéis.


A procuradora Nilce Cunha Rodrigues tomou a iniciativa a partir de uma representação do funcionário público Sebastião Oliveira que, após ser expulso da religião, passou a ser discriminado por colegas de trabalho, amigos e parentes, incluindo a sua mãe, que seguiram as normas de conduta da Testemunhas de Jeová.

O Senhor Oliveira começou a frequentar o movimento religioso em 1998 e foi baptizado em 2001. Em 2009, por questionar alguns pontos doutrinários da religião, foi sumariamente expulso (ou desassociado segundo a terminologia Jeovista) da seita, passando a ser vítima de intolerância por parte dos seus ex-irmãos de fé.

A procuradora destacou que, pelos relatos do Senhor Oliveira, houve, “forma evidente”, uma atitude de desrespeito para com os “direitos fundamentais da dignidade humana, da igualdade da honra e da imagem, da liberdade de consciência e crença e da livre associação”. 

Ela observou que as Testemunhas de Jeová são incongruentes porque relacionam-se com pessoas de outras religiões para doutriná-las, batendo de porta em porta, mas não com quem deixa ou é expulso da seita. O ex-membro “passará a sofrer acções de hostilidade e rejeição pelo mesmo grupo que antes o acolhera quando era praticante de outra religião”.


Na avaliação da procuradora Nilce, o propósito das Testemunhas de Jeová é “infligir sofrimentos” aos ex-fiéis “como forma de punição pelo facto de se terem afastado dos ensinamentos que a organização considera como verdade transmitida directamente por Deus ao Corpo Governante (hierarquia máxima dentro da seita).  Disse que se trata de um caso de violação do artigo 5º da Constituição Federal segundo o qual todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.


Ela pediu à Justiça que impeça os Jeovistas de proibir que os ex-membros convivam com os seus familiares. Nesse sentido, as entidades que representam a religião não poderão pregar por qualquer meio de comunicação, inclusive oral, a intolerância religiosa. Solicitou, também, a aplicação de uma multa diária de 10 mil Reais para cada caso de desobediência.

 

Aqui texto da acção

 

Em Portugal, muito brevemente, poderemos assistir a acções semelhantes a esta… Actualmente, ex-membros da seita despertaram para a dura realidade que é ter toda uma família destruída por doutrinas inquisidoras e sectárias, não aceitando suportar tal tratamento cruel, infligido por uma leitura erronea da Biblia, e com uma interpretação muito própria.

 

A comunicação social Portuguesa também começou a interessar-se por esta forma de ostracização (até agora pouco divulgada). Muitas Testemunhas de Jeová gostariam de abandonar o movimento, mas sabendo de serão rejeitadas pelos seus familiares, os mesmos mantêem-se sobre a alçada duma organização que não acreditam minimamente, mas deixando assim que a mesma lhes controle a vida. Brevemente trarei mais notícias sobre esta matéria…

 

Vídeo da reportagem com entrevista à procuradora

 

A revista “A Sentinela” de 1º de Março de 1997, p. 4, diz o seguinte:

 

“Os fundamentalistas anseiam o retorno das velhas certezas, e alguns deles lutam para que suas comunidades e nações voltem ao que, em sua opinião, são os alicerces morais e doutrinais adequados. Fazem tudo ao seu alcance para forçar os outros a viver em conformidade com um código moral e um sistema de crenças doutrinais "correctos". O fundamentalista tem a forte convicção de que ele está certo e os outros errados."

 

Em poucas palavras: um auto-retrato hilariante.

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