Filho – Papá, o que é Páscoa?
Pai – Ora, Páscoa é... bem... uma festa religiosa.
Filho – Igual ao Natal?
Pai – Parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus; na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.
Filho – Ressurreição?
Pai – Sim, ressurreição. Cristina… vem cá!
Mãe – Sim?
Pai – Explica a essa criança o que é a ressurreição para eu poder ler o meu jornal.
Mãe – Filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Percebeste?
Filho – Mais ou menos. Mãe, Jesus era um coelho?
Mãe – O que é isso filho? Não digas asneiras dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Pai do Céu! Nem parece que foste baptizado! Justiceiro, esse filho não pode crescer assim, sem ir a missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensaste se ele soltar uma parvoíce destas na escola? Deus me perdoe! Amanhã vou matricula-lo na catequese!
Filho – Mas Mãe, o Pai do Céu não é Deus?
Mãe – É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Tu vais estudar isso no catequese. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
Filho – O Espírito Santo também é Deus?
Mãe – É sim.
Filho – E São Pedro da Cova?
Mãe – Sacrilégio!
Filho – A estação da Trindade tem alguma coisa haver com o Espírito Santo?
Mãe – Não. O Espírito Santo é Deus e a Trindade também é. É estilo um contrato.
Filho – Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?
Mãe – Eu sei lá! É uma tradição. É como o Pai Natal, só que em vez de presentes, ele traz ovinhos.
Filho – Os coelhos põem ovos?
Mãe – Chega! Deixa-me ir fazer o jantar que tenho mais que fazer!
Filho – Papá, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?
Pai – Era... era melhor, ou então pato.
Filho – Papá, Jesus nasceu no dia 25 de Dezembro, não é? Em que dia que ele morreu?
Pai – Essa eu sei: na sexta-feira santa.
Filho – Que dia e que mês?
Pai – Hum... Olha, nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na sexta-feira santa e ressuscitou três dias depois, no sábado de aleluia.
Filho – Um dia depois.
Pai – Não, três dias.
Filho – Então morreu na quarta-feira.
Pai – Não, morreu na sexta-feira santa. Hum... ou terá sido na quarta-feira de cinzas? Oh, miúdo, vê lá se não me confundes! Foi mesmo na sexta que ele morreu, e ressuscitou no sábado, três dias depois! Como? Pergunta à tua professora de catequese! Olha, atende o telefone ao pai. Se for um tal de Rogério, diz que eu saí.
Filho – Tou... quem fala?
Rogério – Rogério Coelho Pascoal. O teu pai está?
Filho – Não, foi comprar ovos de Páscoa. Ligue mais tarde, tchau.
Filho – Papá, qual era o sobrenome de Jesus?
Pai – Cristo. Jesus Cristo.
Filho – Só?
Pai – Que eu saiba sim, porquê?
Filho – Não sei, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim é que essa cena do coelho da Páscoa faz sentido, não achas?
Pai – Coitada!
Filho – Coitada de quem?
Pai – Da tua professora de catequese!