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publicado por Justiceiro, em 30.12.12 às 19:17link do post | favorito


Este estabelecimento comercial deseja a todos os seus clientes, leitores e principalmente aos funcionários (não remunerados) do seu principal fornecedor (a sociedade Torre de Vigia!), um excelente ano 2013 repleto de sucesso, saúde e dinheiro no bolso (já que actualmente é um perigo ter o dinheiro depositado nos cofres de um qualquer banco!). Queria dirigir-me especialmente ao meu fornecedor, agradecendo-lhe por este ano rico em casos caricatos, onde podemos assistir a revelações surpreendentes, e contemplamos o mesmo a enterrar-se cada vez mais… Pelas informações que possuo, este ano será outro ano espetacular para as Testemunhas de Jeová (pelo menos cá em Portugal). "O Talho e a Cidade", assim como outras instituições, levarão a cabo uma grande campanha de esclarecimento sobre esta que se diz ser a única religião verdadeira. Neste mundo cada vez mais conturbado, onde só as melhores empresas sobrevivem, há que usar as armas ao nosso dispor. Durante anos, a sociedade Torre de Vigia tratou de fazer propaganda a estabelecimentos como este, agora é a nossa vez de retribuir esse amoroso gesto. Temos que ser uns para os outros… Quem é amigo? Publicidade em tempo de crise de borla e tudo… não é para qualquer um! É só aguardar e estar atento…


Bom ano 2013 a todos! 


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publicado por Justiceiro, em 11.12.12 às 11:32link do post | favorito

Texto integral do artigo "O mundo desconhecido em que são educadas as Testemunhas de Jeová" da revista "Sábado" edição nº 447 de 22 de Novembro de 2012.


 

 

por Isabel Lacerda 

 

Mais de 600 pessoas juntaram-se para denunciar a sua antiga religião. Oito delas contam à Sábado como, durante anos, as suas vidas foram dominadas pelo medo de pecar. E pecar podia ser, simplesmente, soprar uma vela.

 

“Lembro-me de ser miúdo, olhas para um estádio de futebol cheio e pensar angustiado que aquelas pessoas iam ser todas destruídas porque se calhar nenhuma era Testemunha de Jeová”, lembra Vítor Máximo.

“As Testemunhas de Jeová acreditam que o mundo de Satanás vai acabar e que só elas sobreviverão ao Armadegão, passando com vida para o Paraíso”, explica M. M., ex-ancião (um dos mais altos cargos na hierarquia da organização), que pede anonimato com receio de represálias para a família, que continua na religião. 

Todos os crentes são habituados a esperar pelo fim do mundo desde crianças. A essa permanente angústia, os miúdos juntaram as várias coisas que estão impedidos de fazer na escola e o pavor de ofender Jeová. Entre as proibições (como aos adultos), estão a celebração de aniversário, Carnaval, Páscoa, Natal, fim de ano e todas as outras datas de origem pagã que a religião despreza porque, conforme explica Pedro Candeias, um dos representantes da organização em Portugal, não são mencionadas nas Escrituras. 

P.T. lembra-se de andar na escola primária e fingir que cantava os parabéns aos colegas, mexendo os lábios e esquivando-se a bater palmas. Mesmo assim, só por estar presente, temia “ser destruída”. César Rodrigues fazia o mesmo e, para evitar perguntas sobre a sua festa e presentes, não dizia quando aniversariava. 

 
 

Ambos contam como agora, respectivamente, celebram todos os aniversários com o maior entusiasmo: “Faço questão de ter sempre um grande bolo. São 30 anos? Sopro 30 velas!”, diz P.T. César festeja com igual euforia, mas ainda hoje não consegue cantar os parabéns. “E como se estivesse a fazer algo de mal. Sei que não estou, mas não consigo evitar este sentimento de culpa. Nunca cantei os parabéns na vida.” 

O maior terror das crianças Testemunhas de Jeová é o Natal, antecedido de atividades como pinturas, composições, festas ou teatros. Não podem participar em nada. 

“Lembro-me como se fosse hoje dos meninos todos em grupos a fazer enfeites para colar nas janelas da sala de aula e eu sozinha de lado, a fazer outra coisa qualquer”, conta P.T. 

Por se considerarem politicamente neutras, as Testemunhas de Jeová não votam em partidos políticos — nos países em que ir às urnas é obrigatório, são incentivados a vota nulo ou em branco. Também não saúdam a bandeira nem canto o hino. “Lembro-me bem: no 3º ano, todos de pé a aprender o hino, e eu supernervosa, só a mexer a boca”, recorda P.T. A organização não encontra motivos para o embarco infantil: “Sendo esses valores baseados na Bíblia, que razões teriam para sentir vergonha?”, questiona Pedro Candeias. 

Artes marciais, que se considera ensinarem a violência, são interditas. E, com base numa passagem bíblica interpretada como Deus não gostando que os homens concorram entre si, a prática de desportos de competição também é desencorajada. É das coisas que César Rodrigues mais lamenta: “Era sempre escolhido para a seleção de futebol da escola, mas era impensável treinar num clube”, conta este co-fundador do fórum Testemunhas de Jeová.

Já com mais de 600 usuários, o fórum surgiu para denunciar todas essas situações e apoiar antigos membros. Em Portugal, onde há 52 mil Testemunhas de Jeová, é o primeiro, mas noutros países da Europa, no Brasil e nos Estados Unidos, o fórum existe há vários anos. 

Também há livros e documentários reveladores do funcionamento da religião. É o que este grupo que recentemente se organizou pretende em Portugal: “Queremos que as pessoas percebam que as Testemunhas de Jeová não são tão inofensivas como parecer as senhoras que distribuem revistas na rua”, explica um dos fundadores do fórum. 

Todos os conteúdos místicos e esotéricos são considerados um perigo para a espiritualidade. Livros como “O Senhor dos Anéis” ou “Harry Potter” não são para abrir. 

Quando a família de P.T. entrou para a religião, os anciões foram livrar-lhes a casa da presença de Satanás. Entre o vestido da noiva que a mãe usara no casamento católico, todas as fotografias desse dia e qualquer outra em que aparecesse um crucifixo (para os fiéis a Jeová, Cristo morreu numa estaca), nada escapou: foi tudo queimado num bidão de metal, até a sua coleção de livros da Anita. “Daí para a frente, só lia a Bíblia e as revistas da religião.” 

 
 

As Testemunhas de Jeová acreditam que “A Sentinela",  "Despertai!" e todas as publicações da organização transmitem a palavra de Deus com a mesma validade que a Bíblia. “Quando mais cedo começarem o estudo, melhor para já irem ensinadas para a escola. Há grávidas que leem o “Meu Livro de Históricas Bíblicas” m voz alta para os bebês que têm na barriga”, revela R.M., outra desistente. 

Vítor Máximo, crente durante mais de 35 anos, recorda-se das tardes de quarta-feira passadas a ler as revistas; P.T. estudava-as com o pai aos sábados à tarde, depois da pregação. 

A pregação porta a porta é uma atividade fundamental e incontornável para qualquer Testemunha de Jeová, pois é a única maneira de levar a “Verdade” a mais pessoas, poupando-as no dia do Juízo Final. 

Acreditando nisso, aos 12 anos G.C. desatou a estudar a Bíblia fervorosamente. A mãe convertera-se e ele também. Acatou os fortes incentivos da organização para se distanciar das pessoas do Mundo (as que não são Testemunhas) e afastou-se de todos os amigos. De um momento para o outro, recorda hoje, deixou de brincas na rua e passou a vestir fato e gravata para ir às reuniões e a andar de pasta na mão para bater às portas. 

Em menos de um ano estava a entrar, de fato de banho e t-shirt branca, na piscina de Algés, em Lisboa. Com uma mão em cima da outra e as duas a tapar o nariz, submergiu totalmente, deitando-se para trás dentro da água. Quando veio acima estava batizado — acabara de se tornar ministro do reino de Jeová. “É uma dedicação incondicional para toda a vida: ser um escravo de Jeová e tudo fazer em favor Dele”, lembra mais de 30 anos depois desse momento. 

No verão seguinte, dedicou-se em exclusivo à pregação. “Eu levava as coisas muito a sério porque estávamos perto do fim do mundo. Pensava: ‘É preciso sacrifícios, vamos fazê-los”’, conta G.C., que foi ancião durante quase 20 anos. 

Desde que a religião foi fundada, em 1879, as Testemunhas já esperaram que o mundo acabasse em vários anos. Sempre que as datas passaram sem que alguma coisa acontecesse, o Corpo Governante (entidade atualmente composta por oito homens, que é o núcleo administrativo da religião nos Estados Unidos) emitiu um novo “entendimento”, inquestionável. “Estão sempre a repetir que a dúvida é um dos laços do Diabo”, explica R.M. Invariavelmente, mas sempre a posteriori, a cúpula da organização nega ter feito qualquer previsão concreta e, apesar de os textos das revistas oficiais da religião terem sempre mencionado os sucessivos anos em que o mundo acabaria, diz-se que a expectativa decorreu da má interpretação dos fiéis. A última data mundialmente difundida para o Armagedão, com muitas famílias a vender tudo que tinha para se dedicarem em exclusivo à pregação e garantirem a passagem para o novo mundo, foi 1975. Depois nunca mais se referiu um ano específico.

 

Com o mundo a poder acabar a qualquer altura, as Testemunhas de Jeová vivem ao mesmo tempo na expectativa do recomeço de uma nova vida e apavoradas com esse momento. Porque, mesmo para o povo eleito, o acontecimento implicará grande sofrimento. 

Uma revista "Despertai!", de 2005, avisa: “O arsenal de Deus inclui neve, saraiva, terremotos, doenças infecciosas, aguaceiro inundante, chuva de fogo e enxofre, confusão mortíferas, relâmpagos e um flagelo que causará o apodrecimento de partes do corpo.” 

Além disso, o Paraíso só está ao alcance de quem não tiver “culpa de sangue”, ou seja, quem não estiver a falhar nos preceitos da religião. 

“Eu perdi a minha vida! Não fazia nada com medo de ofender Jeová e ser destruída”, afirma P.T. 

Vítor Máximo conta que desde criança, e mesmo em adulto, acordou várias vezes a meio da noite “a chorar, com pesadelos com o Armagedão”. 

A grande prioridade das Testemunhas de Jeová é estudar e divulgar os mandamentos de Deus da maneira a salvar o maior número de pessoas possível. Por isso, são altamente desincentivadas a investir em atividades que, para a organização, apenas servem para roubar tempo ao testemunho porta a porta e de nada valem perante o fim de tudo. Quem vai para a faculdade mostra que está fraco na fé e passa a ser olhado com desconfiança. 

Quando Vítor Jacinto decidiu licenciar-se em Engenharia Química, passou a receber visitas de anciãos e superintendentes de circuito (que supervisionam várias congregações) quase semanalmente. A sua biblioteca fazia-lhes particular confusão. “Diziam que aqueles livros continham ensinamentos não cristãos e queriam que me desfizesse deles. Foi aí que começou a minha grande guerra contra eles.” Os livros ficaram, o curso foi acabado, deixou de ir à reuniões. 

Investir na carreira é encarada como outra afronta a Jeová. “Das coisas que me faziam mais impressão era ver pessoas subir à tribuna e contar, cheias de orgulho, que tinham recusado um promoção para não prejudicar a sua vida espiritual”. Revela R.M. 

Outro exemplo de dedicação à religião incutido nas reuniões e nas revistas é o desincentivo que a organização faz a que se tenha filhos: por um lado, são grandes consumidores de tempo, por outro, não é aconselhável pôr crianças num mundo que vai acabar. Para G.C., isso ficou claro no dia do casamento. Depois de uma adolescência em que não podia beijar nenhuma rapariga, nem mesmo como cumprimento, no rosto, e de um namoro com alguém da mesma congregação, sempre na presença dos pais e sem um único beijo na boca, casou-se num Salão do Reino. “O ancião que fez o discurso disse que de forma nenhuma deveríamos ter filhos, porque estamos no tempo do fim e era uma atitude pouco sábia, pouco espiritual.” 

Só contrariou a instrução mais de 10 anos depois, quando a mulher começou a ficar clinicamente deprimida com receio de já não conseguir engravidar por causa da idade. “Os casais que decidem ter filhos são criticados pelos outros que optam por não ter em virtude das orientações da organização”, revela M.M., outro ex-ancião. “Conheço casais que não têm filho e que agora já não podem e outros que continuam na expectativa de vir o fim para depois poderem ter um filho. É horrível”, afirma G.C. 

Este antigo ancião deixou o cargo e as reuniões há cinco anos. Tecnicamente, está inativo, situação de que não entrega há seis meses relatórios com o número de publicações que distribuiu e de horas que pregou. O seu mal-estar com a religião começou quando, numa formação para cerca de 200 anciões, lhes foi ordenado que escrevessem na página do manual sobre o abuso sexual de menores: “Sempre que surja um caso de pedofilia, contatem de imediato a filial [a sede, em Alcabideche, Cascais]. “ Perguntou: “Mas a pedofilia é crime, não deveria denunciar-se à polícia?” Responderam-lhe peremptoriamente: “Nós não denunciamos os nossos irmãos. As ordens são estas, escreva isso aí.” 

No manual dos anciões a que a Sábado teve acesso está impresso: “Se o acusador ou o acusado não estiverem dispostos a reunir-se com os anciãos, ou se o acusado continuar a negar a acusação de uma única testemunha e a transgressão não tiver sido comprovada, os anciãos devem deixar o caso nas mãos de Jeová”. 

 

Esta política de não divulgação valeu recentemente às Testemunhas de Jeová a condenação à maior indenização alguma vez já paga nos Estados Unidos a uma vítima de pedofilia: 22 milhões de euros. O tribunal considerou provado que a estrutura da organização tinha sabido e abafado o caso.

 


Esta é das mais desconfortáveis questões no interior da Religião. Outra é a da desassociação, ou expulsão — o pior que pode acontecer a uma Testemunha e aos seus familiares, O contato com desassociados é simplesmente proibido, mesmo que seja da família.

De possuída pelo demônio, a prostituta, P.T., com cerca de 40 anos, ouviu os piores insultos da boca dos pais quando foi desassociada, em 2006. Proibiram-na de voltar lá a casa. “Fiquei desnorteada, pensava que ser destruída, perdi a minha família e todos os meus amigos, que nem sequer me cumprimentavam. Como todas as pessoas que são desassociadas, fiquei sem ninguém.” 

“Jeová nos observará para ver se acatamos, ou não, seu mandamento de não ter contato com nenhum desassociado”, lê-se na revista “A Sentinela”, de abril deste ano. 

“Um simples ‘oi’ dito a alguém pode ser o primeiro passo para uma conversa ou mesmo para amizade. Queremos dar esse primeiro passo com alguém desassociado?”, questionava a mesma publicação já em 1981 (as Testemunhas de Jeová guardam todas as revistas que consultam). “Toem sua posição contra o Diabo (...). Não procure desculpas para se associar com um membro da família desassociada, como, por exemplo, trocando e-mails”, diz “A Sentinela” de janeiro de 2013 já disponível no site da organização. 

O ostracismo a que os desassociados são votados pode originar problemas extremos. Dos oito antigos fiéis que a Sábado entrevistou (dois dos quais ex-anciãos), quatro tiveram de procurar ajuda médica para depressões e estado de ansiedade grave — alguns fizeram terapia, todos foram medicados. Dois pensaram no suicídio. 

Vítor Máximo julgou que os pais se reaproximassem quando lhes comunicasse o seu segundo casamento. Afinal, deixaria de ser um “fornicador”, um dos maiores pecados para a religião. Mas, como a mulher era uma mundana e ele um apóstata (abandonou a religião há cinco anos), os pais nem foram à cerimônia. 

“Nesse dia, quando cheguei a casa, em vez de estar a relembrar os bons momentos da festa, sentei-me na beira da cama e desatei a chorar”, lembra. 

Embora o expulsem, insiste em aparecer de vez em quando na casa deles, nos arredores do Porto, mas na última vez que falou com o pai ele chamou-lhe adorador do Diabo e ameaçou ligar para a polícia caso voltasse. Durante muitos meses, a conversa ao jantar com a mulher terminava invariavelmente em lágrimas. Teve de ir ao psiquiatra e só superou a depressão com a ajuda de medicamentos. 

Quem privar com um desassociado arrisca-se a ser expulso. Isso é ficar sem nenhuma rede social (família e amigos), porque as Testemunhas de Jeová não criam laços com pessoas do Mundo. Por medo do que pode acontecer aos familiares, algumas pessoas falaram para este artigo sob anonimato; outras não revelaram a identidade porque estão afastadas, mas não se querem dissociar (voluntariamente) nem ser desassociadas, sabendo que nesse momento terão de cortar relações com os que lhes são mais próximos. 

 
 

César Rodrigues, 38 anos, foi Testemunha de Jeová desde que nasceu e as suas dúvidas só surgiram há quatro anos, quando fez uma coisa que a organização desaconselha insistentemente: meteu-se num fórum de dissidentes brasileiros na internet. “Para mim, aquilo era tudo mentira. Pensei: ‘Vou mostrar-lhes o que é uma verdadeira Testemunha de Jeová’”. Mas foi ele que acabou convencido. Uma das coisas que mais o chocaram foi perceber as incongruência na proibição de transfusões de sangue, que já provocou a morte a um número incalculável de crentes. 

“As Testemunhas acreditam que a transfusão de sangue lhes é proibida por passagens bíblicas como estas: “Somente a carne com a sua alma — seu sangue — não deveis comer”, explica o representante da organização, Pedro Candeias. Plasma, plaquetas, glóbulos brancos e vermelhos também são rejeitados. Mas o recurso a fracções desses componentes é permitido. “É extremamente incoerente condenar o uso de determinadas fracções e permitir o de outras e não existe base bíblica nem científica para tal distinção. Por exemplo, se se pode aceitar hemoglobina, que é 97% de um glóbulo vermelho, por que não se pode aceitar glóbulos vermelhos? “É como se eu dissesse que você pode comer uma uva sem pele, mas com pele não pode”, afirma M.M., que foi ancião durante mais de uma década.

Quando César começou a fazer perguntas aos amigos (“Sabias que era assim?”), foi denunciado. Fizeram-lhe quatro comissões judicativas (tribunais eclesiásticos). Já sem acreditar em nada do que tomara por certo durante anos, negou todas as acusações de falta de fé. Recusa-se a ter de deixar de falar com os pais. Quando conheceu uma antiga Testemunha de Jeová, perguntou: “É possível ter amigos do Mundo?” Descobriu que sim. Deixou de aparecer nas reuniões. 

R.M. demorou a fazê-lo, mesmo depois de, no ano passado, ter lido o proibidíssimo livro “Crise de Consciência, de um antigo membro do Corpo Governante, e de perceber que “toda a vida tinha vido enganada”. “Sinto que é mesmo uma lavagem cerebral, da qual é muito difícil libertamo-nos”, explica. Só conseguiu afastar-se quando descobriu o fórum Testemunha de Jeová. Diz que só passar à frente de um Salão do Reino a deixa “agoniada”. Mas não está preparada para deixar de falar com a família. 

Para M.B., o momento está para breve. Aos 18 anos, aproveitou o fato de sair de casa e mudar de cidade para confessar aos anciãos que fumava, o que é proibido. Já sabia o que o esperava: uma semana depois lhe comunicaram a expulsão. De regresso a Lisboa, foi assaltado e ficou sem dinheiro nenhum. Ninguém da família lhe atendeu o telefone nem respondeu às mensagens — nem nessa altura nem em todo o ano que se seguiu. “Sentia-me perdido, culpado, abandonado. Passava noites inteiras sem dormir.” 

Desenvolveu um transtorno de ansiedade incapacitante. A família continuava a não lhe atender o telefone. Pensou no suicídio. “Mas depois ahcei que ninguém iria ao meu funeral”. 

Um dia em que insistiu mais uma vez, inesperadamente, a mãe atendeu. Como o motivo era doença, os anciões, aos quais ela pediu autorização, permitiram que o recebesse em casa. Mas agora que está mais estável, M.B. sabe que vai ter de voltar a sair. E que vai ter de se despedir para sempre.

 


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publicado por Justiceiro, em 07.12.12 às 13:41link do post | favorito


Depois da saída nas bancas da Revista “Sábado” com tema de capa “O mundo desconhecido em que são educadas as Testemunhas de Jeová”, vários foram os e-mails de desagrado e repudio enviados a quem conduziu as entrevistas e escreveu o artigo: a Jornalista Isabel Lacerda. Algumas mensagens estão carregadas de impropérios e ofensas por parte daqueles que se dizem fazer parte dos eleitos, aqueles que Jeová Deus escolheu para serem o seu povo. Muitos mostraram repulsa pelo artigo, limitando-se apenas a dizer que tudo não passa de mentiras e que o objetivo do mesmo era denegrir a imagem das (bondosas) Testemunhas de Jeová. Não irei aqui focar-me sobre algum tema específico, tentando mostrar a veracidade do que foi escrito, até porque sobre isso, tive já oportunidade de o fazer no Fórum. Irei falar sim sobre um assunto que parece ter melindrado muitas dezenas de Testemunhas. Ao que parece, muitos contestaram que o relato sobre a queima dos livros da Anita dentro de um bidon (o famoso bidon!), é apenas e tão simplesmente uma falsidade que chega a roçar o ridículo.


Ao ler esses argumentos vazios de conteúdo, lembrei-me de um livro que tenho há alguns anos e que narra precisamente uma história idêntica. O autor é bem conhecido em França por todas as Testemunhas de Jeová. Chama-se Nicolas Jacquette. Ele era uma Testemunha de Jeová jovem que testemunhou perante uma comissão parlamentar de inquérito sobre a influência das seitas nos menores. É membro da União Nacional das Associações de Defesa da família e do individuo (UNADFI) e da Coordenação Nacional das vítimas da organização das Testemunhas de Jeová (CNOVTJ). Nicolas também é o autor de um livro autobiográfico publicado pela editora “Balland”, com o título, “Nicolas, 25 ans, rescapé des Témoins de Jéhovah”. (Nicolas, 25 anos, sobrevivente das Testemunhas de Jeová).


Nicolas Jacquette viveu entre as Testemunhas de Jeová até aos 22 anos, respeitando com fé as regras da seita. Como para todas as outras milhares de crianças Testemunhas de Jeová, tudo foi planeado para que ele se torne um excelente pregador. Até o dia em que se atreve a questionar a visão de mundo que lhe é imposta… Depois de anos de doutrinação e isolamento, foi apenas 2004 que conseguiu sair das garras da seita. As revelações chocantes de Nicolas lançam luz sobre as práticas das Testemunhas de Jeová e denunciam os desvios sectários em todas as suas formas.


No capítulo 2 da sua obra com o título, “Do Tamanho de um Estrunfe” Nicolas descreve o absurdo, o caricato e até o cómico em que podem chegar as crenças jeovistas. Ele começa por dizer:


“A escola é perigosa! A palavra de ordem é: cuidado. Não se trata de ir com algum desconhecido que me possa abordar. Não! Tenho que desconfiar de toda a gente. As Testemunhas de Jeová estão em guerra fria com o resto da humanidade. A mensagem que eu aprendi nos compêndios da Watchtower era simples. As Testemunhas de Jeová são o povo de Deus, protegidas por ele. Fora do grupo, estão as pessoas do mundo, controladas por Satanás. Um mundo povoado de gente má, perigosa e carregada de vícios, com um único objetivo: desviar as caridosas Testemunhas de Jeová do caminho correto. Foi o que eu aprendi. É o que eu acredito. Já com 3 anos vejo todas as pessoas do mundo como o braço armado de Satã, uma ferramenta para me conquistar e me fazer tropeçar. (…) Toda a pessoa que não seja Testemunha de Jeová, que demonstrasse boas intenções, que fosse gentil, honesto, etc., que não apresentasse nenhum sinal de maldade, típica das pessoas do mundo, seria comparado a Satanás que «persiste constantemente a transformar-se em anjo de luz». Quando uma pessoa que não seja Testemunha de Jeová é amável comigo, fico na defensiva. Vejo os meus colegas e professores como agentes do Diabo. Tenho que ser gentil com todos para dar uma boa imagem das Testemunhas, mas não tenho o direito de fazer amizades, «más companhias estragam hábitos uteis» dizem-me constantemente. Acabo por ver Satanás em todo o lado. Por vezes estou persuadido que sinto a sua presença no meu quarto. Estou certo que Satanás ou um dos seus Demónios esconde-se debaixo da minha cama ou ande por ali. Tremendo e escondendo-me debaixo dos lençóis, apetecia-me gritar, pedir ajuda, mas posso apenas rezar a Jeová para que ele os expulse. (…)


Rumores circulam nas congregações dando lugar a verdadeiras psicoses coletivas. Um desses burburinhos deu mesmo muito que falar. Uma pequena Testemunha de Jeová terá visto um boneco Estrunfe a vaguear pelo quarto e a dançar. Não restam dúvidas, era uma manifestação demoníaca. A mãe da criança deitou no caixote do lixo todas as figuras. A minha mãe como todas as outras mães Testemunhas de Jeová, proibiram todo o contacto com os estrunfes. Proibido ver a série animada na televisão, proibido possuir um livro dos pequenos bonecos azuis e evidentemente, proibido colecionar as figuras dos mesmos. Ela procurava em todos as caixas do quarto, para se livrar o mais rapidamente possível do maligno. Era o boicote geral. Tudo isso porque o pesadelo de uma criança foi levado a sério por uma mãe ávida de psicose. Por medida de precaução, a minha proibiu-me de ter qualquer figura que seja em casa. Se os Estrunfes foram possuídos, qualquer boneco também podia sê-lo. Mais vale prevenir do que remediar.”


Depois deste relato, não vejo qual a grande diferença entre os livros infantis da Anita e os Estrunfes. O que terá levado os pais de P.T. a queimarem toda uma coleção para “livrarem a casa da presença de Satanás”? Estas duas descrições contrastam com uma animação infantil editada em DVD pela Watchtower que retrata a história de um menino chamado Pedro e o seu boneco (Sparlock). A criança é “incentivada” pela mãe a deitar fora a sua figura por esta considerar que se trata de um brinquedo mágico e que a magia advém de Satanás. Embora a criança sinta prazer em brincar com aquilo que fantasiou ser um “guerreiro mágico” a sua progenitora apressa-se em incutir-lhe que Jeová não iria gostar de ver Pedro a brincar com Sparlock. Chega ao ponto de culpabilizar o pequeno por este fazer o que é comum a todas as crianças: brincar (ver o vídeo aqui). O medo e o irracional estão em todo o lado no meio das Testemunhas de Jeová. Uma criança não pode crescer livremente sem ser fruto de uma manipulação mental constante. O pavor de desobedecer a Deus prevalece sobre tudo e todos até mesmo sobre o crescimento saudável de uma criança.


Não entendo o porquê de todas as manifestações de repúdio por parte das Testemunha de Jeová ao dizerem que tudo o que foi escrito nas páginas da revista Sábado são mentiras. A ouvi-las, nunca nenhuma Testemunha de Jeová destruiu o que quer que seja usando fogo, muito menos um bidon! Muitas foram as Testemunhas de Jeová que no Facebook da revista “Sábado” (e não só) se riram e ridicularizaram quem disse que usou um bidon para queimar livros, tentando assim descredibilizar aqueles que elas chamam de “apóstatas”. Mas nós, os apóstatas, nem costumamos mentir e até conhecemos melhor a organização (que servimos durante largas dezenas de anos) do que as próprias Testemunhas de Jeová. Porque uma imagem vale mais do que mil palavras, fica aqui um bidon saído das publicações jeovistas e o uso a dar ao mesmo!


O Que a Bíblia Realmente Ensina? pág. 102

 

Se mesmo assim não chegar para provar que tudo o que foi escrito na revista "Sábado" é simplesmente as ordens expressas de uma seita chamada "Testemunhas de Jeová", fica aqui mais uns pequenos trechos retirados dos livros saídos das gráficas da sociedade Torre de Vigia de Biblias e Tratados.


“(... )se alguém quiser escapar das garras dos demônios, deve destruir todos os seus pertences relacionados à adoração satânica! Isso inclui todos os livros, revistas, pôsteres, revistas em quadrinhos, vídeos, amuletos (itens usados para “proteger”) e matéria demoníaca baixada da Internet. (Deuteronômio 7:25, 26) Jogue fora todos os seus pertences que podem ter sido usados na adivinhação, como bolas de cristal e pranchetas Ouija. Livre-se também de músicas e vídeos que apresentam temas satânicos.”

“Despertai” 22/01/02 pag. 27


“Por destruírem seus livros de magia, aqueles novos cristãos deram um exemplo para aqueles que desejam resistir aos espíritos maus hoje em dia. Pessoas que desejam servir a Jeová precisam livrar-se de todas as coisas ligadas ao espiritismo. Isso inclui livros, revistas, filmes, pôsteres e músicas que incentivam a prática do espiritismo e fazem-no parecer atraente e emocionante. Inclui também amuletos ou outros itens usados para proteção contra o mal. —  1 Coríntios 10:21.”

“A Bíblia Ensina” pag.103 § 14 “Criaturas espirituais como nos afetam?”


Depois do artigo da “Sábado” inúmeros foram os relatos a confirmar que este era o proceder a ter a quem suspeitava possuir objetos supostamente satânicos em casa. De nada servirá as Testemunhas de Jeová tentar denegrir a nossa imagem e chamar-nos de enganadores (e outros insultos). Por muito que doa, o que foi escrito na revista é a triste realidade de quem viveu toda uma vida no seio dessa organização religiosa. Saímos tarde das garras dessa seita manipuladora e totalitária, mas ainda saímos a tempo. Sabemos que a verdade não está entre as Testemunhas de Jeová e a prova-lo estão estas frases escritas no livro “Milhões que Agora Vivem Nunca Morrerão, 1920, p. 16 editado pela Watchtower!


"O erro procura sempre a obscuridade; enquanto a verdade é sempre realçada pela luz. O erro nunca deseja ser investigado. A luz sempre procura uma perfeita e completa investigação.” 


Mais uma vez obrigado à revista “Sábado” e a Jornalista Isabel Lacerda por terem investigado e procurar saber a verdade sobre as Testemunhas de Jeová. 


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